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Usar tragédias para ganho pessoal

Neste artigo vamos analisar as ações de influenciadores e suas motivações, buscando responder se é errado obter ganhos em situações desfavoráveis e como isso se relaciona com a busca pela transcendência.

Índice do artigo

É errado usar uma tragédia para ganho pessoal?

Nós últimos dias, acompanhamos vários influenciadores movendo campanhas para ajudar os atingidos pela catástrofe que assolou a região sul do país.

Essas pessoas estão sendo questionadas sobre a intenção por de trás de suas ações, por pessoas que afirmam querer ajudar outras pessoas.

Mas se a intenção dos questionadores é salvar vidas, por que há o questionamento? Se o resultado da ação, mesmo que movido por intenções ocultas, é aquilo que se deseja, por que ir contra? É certo fazer uso de uma tragédia para ganho pessoal?

Ao longo deste artigo, buscarei responder estas perguntas.

O que é ação e intenção?

Antes de partirmos para as respostas, precisamos entender os significados dessas duas palavras na ótica do pensamento OutSense.

Em termos gerais, a palavra “ação” vem do latim ACTIO, “ato de colocar em movimento, de fazer, de realizar”, de AGERE, “fazer”.

A ação portanto é a realização de algo que, consciente e inconscientemente é movido por uma intenção.

Já a palavra intenção possui um significado um pouco menos objetivo.

Intenção deriva do Latim INTENSIO, que significa “alongamento, estiramento, esforço”, formado por IN-, “em”, mais TENDERE, “esticar, estender”.

A palavra sofreu algumas transformações até assumir um significado mais voltado a “ação de entesar; tensão; vontade”.

A intenção se desdobra em diferentes resultados possíveis que podem ser obtidos por meio de multiplas ações.

Por exemplo, a ação de beber água é movida pela possibilidade de matar a sede, que é movida por uma intenção inconsciente de hidratar o seu organismo.

Essa “intenção” ativa uma função no hipotálamo, região do cérebro, que recebe a informação de que o organismo está precisando de água e manda a mensagem de sede para que você realize a ação de beber água.

Vale lembrar que anterior à intenção de hidratar, há outra intenção que é garantir a homeostase do organismo, ou seja, como uma reação à perda de água o organismo pede mais água para se manter em equilíbrio.

Mas não acaba por aí. Antes da intenção de garantir a homeostase, há a intenção de manter o organismo vivo, que é precedida por outra intenção ainda mais subjetiva e por aí vai, até chegar na intenção primordial que eu citei acima.

Então o simples fato de você estar bebendo água tem um significado muito mais profundo do que você percebe.

Mas o que isso tem a ver com o uso da tragédia para ganho pessoal?

Se mergulharmos no profundo universo de possibilidades que movem uma única ação, chegaremos ao princípio da origem de tudo que, na visão da filosofia OutSense se resume a uma consciência primordial experimentando a si mesma com a intenção de ascender a uma experiência divina.

Essa é a intenção que move todas as outras.

O meu objetivo ao te mostrar isso é explicar que tanto a intenção de quem usa de uma tragédia para se promover, quanto de quem está focado em salvar vidas é, primordialmente a mesma.

Eu sei que parece viagem, mas isso faz toda diferença no processo de racionalização das coisas.

Quando se entende que tudo é movido por uma intenção primordial de ascender ao divino, nós nos abrimos a perceber todas as distorções que surgem no “meio do caminho”.

Essas distorções surgem por uma série de fatores que englobam diferentes aspectos que podem ser englobados em três características fundamentais do ser humano: temperamento, personalidade e caráter.

O temperamento é formado por fatores ancestrais, desde aspectos “espirituais”, até questões de herança genética, tendendo a ser mais estável ao longo da vida.

Ele está relacionado com a forma como uma pessoa responde a estímulos emocionais e comportamentais desde o nascimento. Por exemplo, algumas pessoas podem ter um temperamento naturalmente mais extrovertido, enquanto outras podem ser mais introvertidas.

Já a personalidade está relacionada aos padrões de pensamento, sentimento e comportamento de uma pessoa que se desenvolvem ao longo do tempo e são influenciados tanto por fatores biológicos quanto ambientais.

No pensamento OutSense, a personalidade é vista como a síntese entre o caráter e o temperamento.

Ela é mais maleável do que o temperamento e pode ser influenciada também por experiências de vida, educação, cultura e outros fatores ambientais.

Embora existam aspectos da personalidade que podem ser relativamente estáveis ao longo do tempo, como traços de personalidade fundamentais, a personalidade também pode mudar significativamente ao longo da vida em resposta a diferentes experiências e influências ambientais.

Por fim, o carater está ligado aos padrões de comportamento moral e ético de uma pessoa, incluindo seus valores, crenças e integridade.

O caráter é moldado por uma combinação de fatores ancestrais e ambientais, incluindo influências familiares, culturais e sociais.

Embora o caráter possa ser influenciado pelo ambiente em que uma pessoa é criada e pelas experiências que ela tem ao longo da vida, também há uma contribuição significativa da herança genética e dos fatores de concepção na formação do caráter de uma pessoa.

Perceba que uma parte do caráter está contido no temperamento e vice-versa. Ambos estão contidos na personalidade.

Nesse sentido, a maneira como relacionamos com o mundo exterior e interior está sujeita a diferentes alterações condicionada por diferentes questões.

Esses três aspectos não se relacionam apenas com a reação das pessoas diante da tragédia, mas também condicionaram as suas posições e condições de no momento em questão.

Em outras palavras, o fato de uma pessoa ter a capacidade de influenciar milhões de pessoas está intrinscecamente ligado a essas três características, assim como o fato de uma pessoa não ter essa capacidade.

E é aí que entramos no ponto ideal para responder as perguntas que norteiam este artigo.

Vale lembrar que a minha intenção não é defender influenciadores, muito menos julgar os questionadores.

Meu trabalho aqui envolve analisar e estudar o comportamento humano, independentemente da situação. Estou consciente da intenção primordial, e tudo que eu faço se alinha a ela.

A importância de se ter intenções e ações alinhadas

O sucesso e o poder de realizar grandes coisas no plano físico depende desse alinhamento.

Uma pessoa que chegou ao nível financeiro e moral de mover um grande volume de recursos em prol de uma causa, é uma pessoa que tem isso muito bem alinhado, de maneira racional e intuitiva.

O cara que enviou 10 helicópteros, toneladas de alimentos e milhões de reais para a região atingida pela catástrofe em questão sabe o impacto que suas ações terão na vida daquelas pessoas, mas antes disso ele é movido por intenções que tendem à intenção primordial, cuja contemplação depende exclusivamente da auto satisfação.

Nas multiplas camadas de intenções e ações desse cara, há a autopromoção, há o interesse político, há a busca por créditos relacionados às suas crenças e valores religiosos e por aí vai.

Por mais que essa pessoa não tenha chegado para alguém e dito “eu vou ajudar por que isso vai me promover e divulgar minha empresa”, ele sabe que isso vai acontecer e, antes de agir em prol dos outros ele fez isso por uma causa pessoal.

O mesmo acontece com a pessoa que julgou, e é aqui que vamos responder a nossa primeira pergunta: se a intenção dos questionadores é salvar vidas, por que há o questionamento?

O fato de uma pessoa questionar as intenções de outra, quando o resultado dessas intenções contempla um desejo afirmado pela mesma, revela algo interessante.

O questionador carrega em si a obrigação moral da ética. De fazer as coisas do jeito certo, seguindo seu conjunto de valores morais.

Essa pessoa, no fundo, sabe que ela não pode usar da desgraça alheia para se promover, mesmo praticando isso a todo momento por meio da caridade, da luta política, etc.

Desde uma oração, até a busca pela justiça social, tudo que fazemos é motivado pela intenção primordial. Não adianta fugir, isso faz parte de nós.

O ponto é que ao reprimirmos isso, e usarmos a afirmação de que fazemos pelos outros, nós estamos nos contanto uma história que não é coerente com a verdade.

Partindo desse pressuposto, posso afirmar que o questionador está com suas intenções e ações desalinhadas, e é por isso que ele não tem o poder de mover um grande volume de recursos em prol de algo.

O questionar afirma que quer ajudar, mas o que ele tem disponível para isso é muito pouco. A sua vontade de ajudar até pode ser grande, mas antes disso ele carrega em si vontade de ter mais recursos disponíveis para ter esse poder.

Ele pode até negar, mas diante do cenário em que está inserido, elo queria ter a riqueza e o poder que aquele influenciador tem para mudar as coisas, pois intrinscecamente isso representa uma forma de contemplar algo que tende à sua intenção primordial (ascender ao divino).

Na percepção dessa pessoa, estando nessa condição de ter poucos recursos disponíveis, o ideal seria ajudar sem se promover. Ela não consegue se colocar no lugar do influenciador que, mesmo sem querer aparecer, sabe que em qualquer ação ele seria promovido. É inevitável, como foi o caso da suposta doação da cantora internacional.

Então, o questionador cria uma espécie de dissonância entre querer ajudar e julgar quem está ajudando, pelo simples fato de não ter recursos para ajudar mais e contemplar com mais força a sua intenção primordial.

Parece estranho, mas o questionador está perdido e está vivendo de auto afirmações vagas, que limita o seu poder de realizar aquilo que deseja.

E aqui respondemos à segunda pergunta: se o resultado da ação, mesmo que movido por intenções ocultas, é aquilo que se deseja, por que ir contra?

O questionador vai contra por causa dessa dissonancia que ocorre ao se ver impotente diante daquele influenciador.

Alguns chamam isso de inveja, mas eu chamo de dissonância.

É errado fazer uso da tragédia para ganho pessoal?

Na minha visão, no plano das ações e intenções terrenas isso é relativo.

No plano superior, o unico erro é não ter suas ações e intenções coerentes umas às outras e todas (conscientemente) à intenção primordial. Na verdade, essa é a causa de todas as distorções.

Você pode usar o poder do influenciador para contemplar a sua intenção primordial e também a sua intenção de ajudar as pessoas. Basta apoiá-lo com os recursos que tem, incentivá-lo por meio de afirmações e divulgar o seu trabalho.

No fundo, todas as camadas de intenções estarão alinhadas.

O ponto é que cada um faz o que tem que ser feito, de acordo com sua condição individual de existência e sua capacidade de perceber e interagir com a realidade, incluindo seu poder de realizar.

Não importa o que você faça, tudo sempre vai partir dessa busca intrinsceca por ascender ao divino.

A única coisa que importa e que está em nossas mãos, é contemplar isso.

Nessa intenção primordial, o eu sempre é uma prioridade e ajudar o outro é uma consciência do que o eu promove a si próprio, como é o caso desses influenciadores.

Não importa se o cara está fazendo isso por uma estratégia de marketing. Ele está sendo coerente em multiplas camadas entre suas ações e intenções.

Se nós olharmos para as nossas ações e enxergarmos de maneira nua e crua o porquê de estarmos fazendo isso, nós saberemos o real poder dessas ações em nos elevar a níveis cada vez maiores em termos de experiência.

Em contrapartida, quanto mais evitarmos de olhar para essa verdade, de que nós sempre nos colocamos à frente dos demais, mais viveremos em uma bolha de ilusões que cessa completamente a nossa capacidade de realizar grandes coisas.

O poder de alinhar intenções e ações

Como vimos, uma intenção se ramifica em várias outras, que produzem diferentes ações e levam a diferentes resultados.

Quanto mais coerentes com a intenção central, mais as ações gerarão resultados positivos (no sentido de se obter aquilo que é desejado).

Em teoria, no plano da materialidade, a única instituição que deveria agir sem a intenção de se auto promover seria o governo. Mas essa é outra ilusão.

Na prática, enquanto o governo levou dias para agir, civis não levaram mais do que algumas horas para entrar no campo de batalha em prol dos atingidos pela catastrofe.

Pessoas com intenções claras estão movendo montanhas em prol dos afetados, seja rezando, doando, promovendo campanhas, indo a campo auxiliar no resgate e no acolhimento.

Não importa se a intenção é se auto promover…

Entre várias intenções ocultas, a entrega à intenção de ajudar como forma de contemplação da intenção primordial está gerando grande impacto na superação de tal desafio.

Portanto, o individuo no ato da sua auto priorização, move forças que impactam significativamente o resultado coletivo.

Querendo ou não, sempre nos colocamos em primeiro lugar. A satisfação é sempre pessoal, antes de ser externada para o coletivo.

Porém, uma série de fatores religiosos, políticos e filosóficos nos levaram a sentir vergonha disso.

Somos estimulados, dia após dia, a pensar coletivamente, a colocar os outros em primeiro lugar pois no aspecto moral isso é o certo a se fazer.

O resultado? Uma relação conturbada entre nós e nós mesmos.

O potencial de transformação do ser humano é infinito, mas ao nos contarmos certas histórias, nós reduzimos esse potencial e nos tornamos cada vez mais dependentes de forças externas.

Imagine se todos nós estivéssemos conscientes dessa intenção primordial? Imagine se nós nos priorizássemos de maneira consciente?

Na minha idealização, tais dissonancias são burocracias que impomos a nós mesmos.

Se estivéssemos cientes disso, as intenções ocultas por de trás das ações de cada um não seriam relevantes e o resultado seria muito maior, a ponto de, inclusive, as ações governamentais não terem tanta importância.

Meu objetivo aqui, caro leitor, é estimular isso em você. É motivá-lo a buscar um significado maior para suas ações e eliminar todo o ruído que te impede de realizar grandes coisas.

Independente das causas, esse é o caminho que eu encontrei para potencializar as ações dos indivíduos, seja na crise, seja na estabilidade.

Não importa se o motivo da tragédia foram as mudanças climáticas, ou se foi uma ação coordenada por uma elite detentora de tecnologias ocultas.

No fundo, ao estarmos conscientes das questões primordiais, teremos o poder de moldar a realidade como queremos, pois seremos capazes de mover todo recurso disponível (nosso ou não) para tais feitos.

Esse é o meu propósito aqui e agora, e espero que essa informação tenha sido útil em sua jornada.

Um forte abraço,
Luiz do @foradesenso.

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Pedro Fleury Moreira
Pedro Fleury Moreira
4 meses atrás

É isso, mesmo, faz tempo que eu sinto que tudo diz a respeito a nós (do nível denso ao mais sutil) antes de se estender ao outro.

Clara
Clara
4 meses atrás

Muito bom! Comecei a perceber isso, não adianta procurar culpados, no fim, o que realmente faz a diferença é se responsabilizarmos e fazermos nossa parte, amei o texto!

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