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É possível amar incondicionalmente?

O amor incondicional é inalcançável neste plano terreno. Apesar disso, podemos vivenciar o amor condicional com mais verdade, equilíbrio e consciência.

Índice do artigo

Recentemente, me perguntaram se é possível amar/aceitar a nós mesmos e aos outros incondicionalmente.

Precisaremos de algumas horas de conversa para chegar a uma resposta para esta pergunta, mas resolvi (tentar) sintetizar o que eu penso sobre isso aqui neste artigo.

Tudo que será exposto a seguir é produto do que eu fui capaz de alcançar em minhas “viagens” pelo Fora de Senso.

Esse artigo será utilizado posteriormente para aprofundarmos no assunto.

O material será disponibilizado exclusivamente para os membros da Academia OutSense. Para mais informações, faça parte do grupo no WhatsApp.

Aceitar e amar são duas coisas diferentes.

É importante entender, antes de tudo, que aceitar e amar são conceitos diferentes. O aceitar tem a ver com o que eu abordo no Programa Mecanismo.

Como vimos no livro Desvendando o Mecanismo da Aceitação:

A palavra “aceitar” vem do verbo latino “acceptare”, que é derivado de “accipere”. “Accipere” significa literalmente “receber” em latim e também pode ser usado metaforicamente para se referir à compreensão de uma palavra ou expressão.

[…]

Então o primeiro ponto que você precisa ter em mente é: toda informação recebida é espontaneamente aceita e, se esse algo foi recebido, fundamentalmente, ele veio de algum lugar.

Esse “lugar” está tanto “dentro” quanto “fora de nós”. Sendo assim, podemos concluir que:

O mecanismo da aceitação diz respeito a como esse fluxo de informações que “vêm e vão” de maneira constante, simultânea e alternada, é recebido.

É importante reforçar que no Mecanismo da Aceitação, considera-se o efeito da projeção, ou seja, da tendencia que temos de harmonizar o que está “fora” a partir do que está “dentro”.

Então, aceitar é diferente de amar.

Aceitar é receber, se conectar e conviver com informações, sejam elas provindas dos relacionamentos, de diferentes situações, ideias, etc.

Assim, precisamos separar os conceitos de “aceitar” e “amar” antes de falarmos sobre o amor incondicional. Agora que entendemos sobre as questões fundamentais, chegou a hora de entrarmos na pergunta do seguidor.

Amor incondicional existe?

Antes de falar de amor, é necessário defini-lo.

Aqui no Fora do Senso, entendemos o amor como uma expressão da Vontade.

A vontade pode se manifestar em diferentes níveis. Nela também se manifesta o padrão de decaimento que, ao chegar no plano terreno, se transforma em desejo. Nesse sentido, a vontade, em sua forma mais abstrata, é simplesmente o “querer estar”. É um estado de presença, que nada mais é do que um estado de consciência.

Assim, o simples fato de querer estar já é uma manifestação da vontade e o simples fato de estarmos presentes aqui, agora, é uma expressão de uma Vontade Superior.

Mesmo vivendo nossas vãs vidas terrenas, podemos estar harmonizados com o que está “além” sem saber o que isso é ao certo, mas cientes, conscientes e sencientes de uma história que aprendemos a nos contar para nortear os nossos questionamentos.

Esse “estar” é a condição básica de presenciar aquilo que se deseja, ou que se quer.

Eu, por exemplo, quero estar consciente das minhas interações com o mundo para encontrar o meu equilíbrio nesta corda bamba que denomino “parcialidade”.

Assim, aprendi a me relacionar com o mundo e comigo mesmo tendo como referência a neutralidade.

Eu tenho um passado e um futuro, mas reconheço e levo no presente a consciência para as experiências que vivencio.

É importante lembrar que aqui entram alguns conceitos fundamentais que você pode destrinchar mais no glossário do Fora de Senso.

O amor, entendido como essa Vontade Superior a nível de consciência pura, é neutro e incondicional, diferente de toda a parcialidade que vai sendo sutilizada no campo espiritual e densificada no plano material.

No entanto, para acessar esse estado de amor incondicional, precisaríamos ascender ao nível de consciência pura, que é totalmente neutra.

No plano terreno, existem sim seres capazes de se conectar a essa consciência pura. Na verdade, todos estamos conectados, porém há alguns fatores que nos “distanciam” de ter a consciência desta conexão.

Isso inclui as questões emocionais, os sistemas de crenças, etc.

A consciência animal envolve três dimensões principais: a cognição, que aqui chamo de “ciência”, a auto-consciência, que aqui podemos considerar apenas como consciência e a senciência.

Na minha concepção, o “incondicionado” é inacessível no plano terreno.

Aqui na matéria, pelo menos, a grande maioria dos seres vivos não conseguem atingir esse estado de consciência pura.

Vejo que quanto mais progridem na “materialidade”, quanto mais complexos se tornam, menos os seres vivos tendem a se distanciar da consciência pura.

A harmonia com a consciência pura e o amor incondicional

A energia do amor, assim como qualquer outra, passa por um processo de decaimento.

Ao decair, o amor se transforma em desejo. Nesse ponto, o amor deixa de ser neutro, ou “estar”, e manifesta uma relação entre o “ser” e o “ter”, tornando-se parcial e se desdobrando nessa condição.

Ao estabelecermos a harmonia com a consciência pura, mesmo que por momentos pontuais, estabelecemos uma relação mais equilibrada entre vontade e satisfação.

A satisfação das nossas vontades é a dinâmica pela qual cumprimos, essencialmente, o nosso propósito fundamental da Ascensão.

Assim, quando estamos em harmonia com a nossa natureza (consciência pura) também vivemos uma vida com maior longevidade, felicidade, liberdade, poder de realizar e viver experiências mais elevadas e expansivas.

Ascender significa expandir dentro do equilíbrio como propósito, motivo, harmonizando a condição parcial que nos manifesta no plano terreno e espiritual.

Expandindo conceitos para entender o amor incondicional

Na filosofia de Leibniz, mônada é um conceito fundamental que significa uma substância simples, indivisível e indestrutível. A palavra vem do grego monás, que significa “único” ou “simples”.

Já a palavra “alma” tem origem no termo latino animu (ou anima), que significa “o que anima”. 

Ambas são complementares. A mônada representa a fonte imutável e eterna, e a alma é o veículo que vivencia a evolução (e progressão), complementando o processo de autodescoberta e de construção da realidade.

Sabe aquele papo de cocriação? Nada mais é do que o conceito de “Mente Mestra” hill-napoleonica.

Imagina todos os seres do mundo intencionando a expansão dentro do equilíbrio para ascender à iluminação?

A dialética entre a alma e a mônada sintetizam o “ser”, que ao se estabelecer no espaço-tempo manifesta o “ter” — como um resultado do relacionamento entre o que está dentro e o que está fora.

Isso ocorre em uma dinâmica de (auto) projeção.

O “ser” refere-se ao aspecto subjetivo, e o “ter” ao aspecto objetivo, ambos co-existindo em função da presença (do “estar”).

É nesse nível que surge a antítese do amor incondicional: o amor condicional.

Entendendo o Amor condicional

Todo desejo de “ter” ou “ser” já é condicionado. Repito: tudo que se encontra nessa gradiente parcial entre o “ter” e o “ser” é condicionado.

Exceto uma parte sutil que não pode ser “acessada” (pelo menos não nesta dimensão). Esse é o ponto onde o “ser” deixa de ser o “ser” para se tornar o “ter”, ou seja, há apenas o “estar”, que é onde há esse estado de neutralidade.

Assim, respondendo à pergunta, se é possível amar a nós mesmos e aos outros de forma incondicional aqui no plano terreno, a resposta é não.

Isso não é viável no plano terreno, pois, embora tenhamos uma profunda conexão com a neutralidade e nos manifestarmos dela, vivemos em uma condição parcial de existência.

A neutralidade é a essência dessa harmonia entre “partes” que buscam se compensar, ou seja, o desequilíbrio se manifestando como força complementar ao equilíbrio e ambos compensando entre si para gerar novos “graus” de equilíbrio.

Tudo expande, na parcialidade e na neutralidade, tudo e nada servindo de alimento um ao outro pela pura vontade de “estar”.

Vale lembrar que essa é a minha verdade, e se faz sentido para você é porque a minha verdade ressoa com a sua verdade.

Na minha visão, para acessar o estado de plena neutralidade, harmonia e equilíbrio, precisaríamos transcender ao pináculo da natureza, o que resultaria em nossa dissolução — ou seja, seriamos sutilizados na tenuidade de toda a criação.

É importante compreender que quando tratamos tudo como uma “meta de vida”, estamos de certa forma nos deslocando para o “ser” ou o “ter”.

O foco é sempre a expansão, então precisamos também “estar”. O paradoxo é que o “estar” não exige objetivo; apenas que estejamos presentes.

O objetivo é estar presente, e estar presente é não ter objetivos.

O “paradoxal” refere-se a algo que parece contraditório ou incoerente à primeira vista, mas que pode revelar uma verdade mais profunda ou uma lógica subjacente quando analisado mais a fundo.

Os paradoxos frequentemente desafiam a percepção e o raciocínio convencionais, mostrando que uma ideia pode ter aspectos opostos que coexistem ou se complementam.

Por exemplo, o paradoxo da liberdade pode estar na ideia de que, para ser verdadeiramente livre, é necessário aceitar certos limites ou regras, o que parece contraditório, mas de certa forma permite um tipo mais elevado de liberdade.

Já o “não paradoxal” é aquilo que segue uma lógica linear e clara, sem contradições aparentes.

Em situações não paradoxais, a lógica é direta e o raciocínio parece fazer sentido em todos os níveis, sem a necessidade de resolver tensões entre opostos.

Essas situações tendem a ser mais fáceis de compreender e não geram dilemas ou questionamentos complexos.

Por isso, estarmos receptivos ao paradoxal é um caminho para encontrar o “não paradoxal”, ou em outras palavras, o “linear”.

O estado de amor incondicional é inalcançável.

Tendo isso em mente podemos, de fato, tratar o amor condicional com maior clareza e qualidade.

Por isso, estar ciente, senciente e consciente do paradoxo da existência nos permite expandir naquilo que não é paradoxal, ou seja, expandir na espiritualidade E na materialidade.

Se destrincharmos mais isso, perceberemos que só podemos amar o outro, se primeiro amarmos a nós mesmos. Somente conseguimos expressar qualquer tipo de vontade ou amor se essa vontade estiver dentro de nós.

Quando os dois lados estão em equilíbrio e o estar passa a se manifestar com maior evidência, quanto mais se expande o estar, mais o ser e o ter também elevam sua potencia.

É uma questão de projeção — manifestamos o que está dentro de nós e isso vai modelando e expandindo a nossa realidade.

Assim, só podemos amar o próximo se nos amarmos, seja condicional ou incondicionalmente.

Para alcançar o amor, é preciso ter muita clareza sobre a gradiente entre “ser”, “ter” e “estar”.

Quanto mais o amor projetado sobre o outro ressoa com o estar e quanto mais verdadeiro for o sentir e o conhecer, mais puro e genuíno será o amor.

Em contrapartida, quanto mais o amor se aproxima do “ser” e do “ter”, mais ele se distorce, principalmente quando isso é reprimido, tornando-se uma projeção oculta sobre o outro.

Aí nos apegamos ao outro por questões de status, cobiça, estéticas ou posse.

Por exemplo: querer possuir alguém reflete uma carência, uma “falta” interior. Na repressão dessa ausência, projetamos no outro o desejo de posse.

Isso é crucial ao falar de amor, afinal, o que mais vemos é o amor possessivo, a colonização do outro ou o desejo estético que se confunde com amor e a vontade. O amor passou a se resumir ao prazer de ser ou ter.

Além disso, o ser humano está entorpecido pela raiva, pelo medo e pela tristeza, e ao reprimir esses sentimentos, é isso que o indivíduo projeta para fora: repressão passiva ou ativa.

É fundamental ter clareza sobre tudo isso, pois assim conseguimos equilibrar quando estivermos transmutando situações em que, ou somos o oprimido ou o opressor, o herói ou o vilão, o bom ou o mau.

Conclusões sobre a existência do amor incondicional

Apesar de ser uma possibilidade, o amor incondicional é inalcançável. Podemos apenas harmonizar nossa energia (condicional) com a energia incondicional.

Ter consciência disso nos permite compreender a existência sutil do condicionamento, e isso nos permite acessar graus mais elevados de liberdade.

Assim, podemos manifestar o poder de amar a nós mesmos e aos outros de maneira consciente, mesmo que condicionada — o que nos torna mais verdadeiros.

Ter essa consciência e clareza é um processo de purificação, pois assim alinhamos nossas intenções com nossas ações e relações.

Por isso, ao refletirmos sobre a natureza do amor e da aceitação, compreendemos que, embora o amor incondicional esteja além do nosso alcance neste plano, ele nos convida a nos aproximar de nossa essência mais pura.

O verdadeiro poder está em harmonizar nossa força com essa energia incondicional, abraçando nossas limitações sem perder de vista o potencial de expansão.

Assim, cada ato de amor, mesmo condicionado, se torna uma oportunidade de viver com mais verdade, equilíbrio e intensidade.

Em breve, teremos um conteúdo especial relacionado a este artigo exclusivo para a Academia OutSense.

Ao escrever esse texto, criei um conceito filosófico fundamental para o projeto que também será apresentado na Academia.

Se você quer ficar por dentro de todos os detalhes sobre a academia e os conteúdos, clique e faça parte do grupo no WhatsApp.

Abraços,
Luiz do Fora de Senso.

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