ps.: o uso da palavra teoria é puramente simbólico.
Eu estava observando que 1% das 3.000 pessoas que me seguem sempre aparecem no meu perfil, inclusive há muito tempo se mantêm constantes.
Sempre que me posicionei parcialmente, esse número subia para 15% e até 30% de recorrência.
E aí me veio um julgamento:
Desses 1% das pessoas que me seguem, de duas, uma:
- Ou essa pessoa está viciada em rede social e está apenas scrollando os stories infinitamente.
- Ou essa pessoa realmente me acompanha porque vê algum sentido, ou pelo menos quer encontrar algum sentido no que eu falo.
Se você fizer parte desses 1%, você vai sentir isso.
Qualquer outra pessoa que não esteja em uma dessas duas possibilidades está aqui por motivos aleatórios.
Se você realmente sente parte dos 1% e está aqui pelo MOTIVO 2, ou seja, se isso for uma verdade para você nesse momento, isso te torna parte de uma fração ainda menor desses 1%.
E aqui entra a teoria dos 1%.
Vejo que apenas 1% das pessoas estão receptivas à neutralidade.
99% das pessoas esqueceram completamente de qualquer possibilidade da existência de um campo neutro.
As pessoas não se lembram que essa possibilidade existe.
A busca pela origem, desde os tempos da escola, é tratada de maneira parcial, e daí surge uma artificialização da percepção humana.
A percepção possui duas faces:
Percepção natural
Enquanto seres vivos, sentimos fome e sabemos que precisamos comer. É instintivo. Se temos a capacidade/condição de comer ou não, são outros quinhentos…
Se você tampar a sua respiração, vai sentir vontade de respirar.
Quando estamos diante de uma ameaça, de alguma forma, nos preparamos para defesa ou para o ataque…
Então, essa é a percepção natural, certo? É a percepção de si e do ambiente ao seu redor.
É quando intenção, intuição e instinto se alinham na presença, no aqui e no agora.
Percepção artificial
E aí tem uma outra percepção, que é aquela que se desloca da presença.
É aquela percepção que nós temos sobre o que está acontecendo lá nos Estados Unidos.
Ou aquela percepção que nós temos do que está acontecendo lá na África, no Oriente Médio, ou que está lá no filho que foi fazer faculdade em alguma cidade pelo Brasil ou pelo mundo.
Essa é uma percepção artificial. É a percepção que nos coloca “lá” o tempo todo. Seja no tempo (passado e futuro) ou no espaço.
Então, toda percepção que se desloca da própria presença é artificial.
A nossa realidade é moldada pelo anti-natural
Nós, seres humanos, fomos treinados a não usarmos a percepção natural (ainda que ela se manifeste) e a negar nossa própria presença para afirmar aquilo que não está diante dela.
99% de toda a humanidade está nesse padrão.
Esqueceram completamente que, inerentemente a uma parcialidade, estamos em uma neutralidade.
E somente a percepção natural é que pode nos mostrar esse caminho neutro.
A maioria das pessoas se perderam.
Elas não conseguem fazer uma conta simples: da mesma forma que o bem não existe sem o mal, a parcialidade não existe sem a neutralidade
Então, 99% não sabe como isso poderia acontecer… como seria possível uma percepção neutra.
Estão todas vidradas no outro lado, no inimigo, fissuradas, angustiadas.
E isso está sendo externalizado na nossa realidade pessoal e coletiva.
A estética dos seres humanos e do mundo é a expressão dessa percepção artificializada…
Nós estamos profundamente infelizes, vulneráveis, mas descubrimos as “soluções tapa buraco”, que nos tornou viciados nesse jogo de dor e prazer, de medo e desejo. É tipo esconder o sintoma, sem curar a doença.
O mundo é assim. Os sistemas sociais se sustentam nessa lógica.
Apesar disso, vejo que todos podem se conectar com o princípio neutro, mas 99% das pessoas sequer vão ter essa possibilidade algum dia.
Analogamente seria como mostrar para um viciado que ele pode viver sem as drogas.
No fundo ele até sabe disso, mas há tantas camadas que fortalecem sua convicção sobre o vício ser útil para a vida dele que ele simplesmente ignora.
A neutralidade já chegou a milhares de pessoas pelo Fora de Senso.
Milhares de pessoas, nesses últimos anos, viram algum conteúdo desse perfil, mas somente 1% ficou.
E a teoria dos 1%?
1 é o número inteiro que mais se aproxima do 0.
Eu gosto dessa metáfora porque quanto mais o 1 se aproxima de 0, mais conseguimos ampliar o seu campo potencial (potência)… um espectro infinito possível entre -1, 0 e 1.
Se você conhece os conceitos de responsabilidade e respeito, essa metáfora cabe perfeitamente como exemplo.
O 1% é o elo que conecta os dois lados. Na parcialidade, “mais” é melhor.
Na neutralidade, o ponto ótimo é onde o menos cruza com o mais.
E quanto mais próximo do zero, mais acessível se torna o infinito campo de possibilidades que o circundam.
Na vida, principalmente pelo fator de comparação parcial, nós sempre focamos “no outro lado”.
Agora estou pobre, mas daqui 10 anos eu vou ser rico. Eu não gosto da minha boca, em 5 anos vou deixar ela igual a da modelo X.
O “fator de comparação parcial” significa que essa avaliação nunca é completa.
A gente pega só uma parte da realidade (um recorte do outro ou de nós mesmos) e usa como régua.
Por isso, acabamos sempre olhando “para fora” ou “para o outro lado”, em vez de percebermos o todo ou mesmo a nossa própria neutralidade diante das coisas.
Isso se relaciona profundamente com o que me trouxe até aqui.
Perfis parciais bombam. O foco é alcançar mais pessoas.
Se o número se aproxima do 1%, chegou a hora de pivotar, trocar a equipe, achar um novo inimigo em comum, mudar o discurso, etc.
O que eu venho nutrindo em mim, é perceber que quanto mais próximo dos 1%, mais eu me aproximo das pessoas predispostas a se conectar com a essência desse projeto.
Quanto mais pessoas eu encontro, mais eu contemplo a verdadeira vontade que eu quero satisfazer aqui: despertar a vontade de poder.
Em busca do 1%
A tal da comparação é foda.
Confesso que por muitos anos me frustrei por ter apenas 1% de audiência.
Na época da pandemia eu me sentia ouvido e isso me empoderou.
Em uma determinada época, mais especificamente durante a pandemia, eu postava conteúdos parciais para provocar contradições.
Muita conspiração, muita coisa “maluca”, muito questionamento ”fora de senso”. Sempre com o objetivo de contrariar o senso comum.
Eu postava muitas coisas que realmente contrariavam, e vez ou outra surgiam pessoas contrariadas comigo.
E aí, nesse processo, comecei a perceber que quando alguém vinha com um discurso convergente com o meu, eu sentia que esse discurso ia até um certo ponto de ressonância, mas não tinha força para chegar até o fim.
O grito vinha, mas simplesmente não tinha força para ir lá no fundo da minha alma. Era só mais um discurso vazio, entre tantos outros.
Nessa época, meu perfil tinha muito engajamento. A frequência de pessoas era de 10 a 20% de engajamento do total que me seguia. Na época eu tinha entre 1000 e 2000 seguidores.
Então, tinha uma média de interação ali de 100, 150, 200 pessoas.
Só postar, elas apareciam. Mas eu comecei a perceber que aquilo não fazia sentido. Elas falavam suas verdades, mas aquilo não me tocava.
E nessa ausência de sentido, comecei a olhar mais para o meu discurso.
E quando comecei a olhar mais para mim e menos para as pessoas, percebi que o meu próprio discurso não vinha do fundo da alma.
Ou seja, eu só sentia que o discurso das pessoas não chegava ao fundo da minha alma porque o meu também não partia dela.
Só que, apesar dessa sensação estranha, eu sentia que tinha algo ali que eu não estava enxergando.
As coisas que eu falava faziam sentido, mas ainda partia de um lugar que não era eu. Não havia um elo entre o meu discurso e a minha alma.
E foi aí que eu cheguei na neutralidade. Eu não lembro quando ou como. Só lembro que eu estava escrevendo meu primeiro ebook.
Foi entre 1 ano antes e um ano depois do ano em que eu embarquei na minha vida nômade pelo Nordeste do Brasil.
Enfim: foi nesse período que eu senti o potencial que emana da neutralidade.
Quando eu comecei a perceber a ausência de sentido daquilo que eu estava fazendo, eu simplesmente parei de postar, parei de me engajar.
E nas vezes que resolvi sair das sombras, eu percebia que minha audiência tinha ido embora.
Tentei me reconectar de várias maneiras mas nada. E aí, enquanto instituições que pregam o ódio e a guerra, influenciam e impactavam a vida de milhões, o Fora de Senso não chegava nem em 50 pessoas.
Perceba como a fuga da neutralidade nos impede de enxergar os 1%. Veja como eu vivia isso na pele e como eu “me converti”.
Nada como a boa e velha maturidade para entender que tudo que eu faço, todo meu esforço deve ser para os 1% que sempre estiveram ali.
As pessoas que estão no 1% estão ressoantes e predispostas a encontrar a neutralidade. Minha missão é mostrar possibilidades para que elas construam suas próprias probabilidades.
Cada um que me acompanha carrega em si um incômodo profundo, e sentem como se estivessem deslocadas.
No fundo o que o mundo oferece não satisfaz, e esse incômodo é ensurdecedor.
Não há nada que realmente mate a sede, porque nada é interessante.
E essa sede não correspondida de transcender, de ir além, nos leva a uma profunda inquietude.
Todo esse barulho que está fora vem de uma profunda necessidade de se estabelecer uma ordem, uma clareza, uma organização do que está acontecendo.
E isso acaba com a nossa auto-estima, com a nossa coragem…
Qual a diferença entre os 1% e os 99%?
99% vive em guerra. Então, o único foco delas é encontrar para combater ou evitar o inimigo.
Elas estão deslocadas da própria presença e se sentem muito confortáveis nessa posição, apesar de ser algo extremamente depreciativo.
Mentalmente, fisiologicamente e espiritualmente, ninguém aguenta essa inflamação do mundo parcial.
Apesar disso, esses 99% entenderam que o desconforto é necessário quando se tem um inimigo em comum a combater.
De alguma forma, isso lhes dá um motivo, uma sensação de poder, de entrega e pertencimento.
E aí elas se acomodam. Como um soldado que nasceu e cresceu no campo de batalha.
Para esse soldado, o inimigo é o único caminho para a liberdade, para Deus, para que um mundo melhor se manifeste.
Então, a liberdade delas passa a ser em função do oposto. Elas são parciais, pois operam em uma percepção parcial (artificial).
Já os 1% olham pro mundo e só conseguem perceber que nada disso os completa.
Essas pessoas não veem ninguém como inimigo, e até se sentem culpadas e envergonhadas por não estar com a maioria.
Elas inclusive têm um senso de auto responsabilidade muito grande, porque não culpam ninguém pela merda que está o mundo.
Na verdade, o grande desafio dos 1% é lidar com a própria culpa ou vergonha de se sentirem tão deslocadas.
Elas percebem que o inimigo não está lá fora e tendem a ficar deprimidas por, muitas vezes, passarem a impressão de que estão se isentando.
Por vezes, essa depressão, essa ansiedade as leva até a se autoflagelar mentalmente, espiritualmente e fisiologicamente. Tudo isso para amenizar a própria dor.
Como não conhecem esse “lugar” chamado neutralidade, elas ficam presas numa angústia que não conseguem entender.
A principal causa desse deslocamento, dessa angústia de não pertencerem a nenhum lugar, é justamente porque não conseguem se ver nem de um lado, nem do outro. Nada realmente toca a alma.
Como a vida nos leva a nos desconectarmos desse elo neutro, a vida para esses 1% parece perder o sentido mais facilmente.
Como eu disse, isso é decorrente de todo o sistema de ensino, religioso, familiar, e do desenvolvimento do caráter, da personalidade e do temperamento de cada um.
A nossa relação com isso nos levou para uma parcialidade sem ter como referência a neutralidade.
Assim, optamos por buscar soluções extremas, parciais e quanto mais mergulhamos, mais nos sentimos perdidos.
E aí, minha teoria é essa: apenas 1% de toda a humanidade tem essa predisposição, ou seja, essa receptividade a 1% dos comandos neutros que surgem.
Veja só, depois de milhares de conteúdos e interações, somente 1% ficou.
Essas milhares de interações são apenas 1% de algo maior, que é 1% de algo maior.
Eu sei que nós fomos doutrinados a pensar o contrário, mas 1% é bem mais interessante do que 100%.
No fim, ao chegar no 100, só estamos chegando no “um ao contrário”. 😅
A teoria dos 1% não é nada científica
Eu não fiz nenhuma pesquisa para entender isso, nada.
Tudo começou porque eu tive um estalo após alguns dias refletindo sobre determinadas questões.
Milhões de pensamentos, e o que mais me chamou a atenção foi aquele que dizia que 1% é a unidade mais próxima de zero.
E eu te trouxe até aqui para te explicar a metáfora que melhor representa o meu ponto de vista.
O zero é um número interessante, e a matemática representa muito bem a essência da neutralidade e do equilíbrio.
A neutralidade é a intersecção: o zero está na intersecção, mas ainda assim não é a neutralidade.
Ela está no momento em que o 1 toca o -1. Que momento é esse? Sei lá… só sei que ele é possível.
O ponto chave aqui é pensar que quando o +1 toca o -1, ele se torna 0.
Veja que foda isso…
Em algum ponto que não sabemos, que só é possível mas não é provável, o 1 deixa de ser 1 e se torna 0, para se tornar 1 de novo.
Reconheço que do ponto de vista matemático, o 1 nunca deixa de ser 1, nem o zero deixa de ser zero, a não ser que coloque em operação com outro número.
De qualquer forma, a unidade sempre estará presente… um sempre estará contido no outro, exatamente como é em nossas vidas.
Em essência nós nunca mudamos, permanecemos os mesmos fragmentos de uma totalidade maior.
Eternas crianças brincando de adultos.
Eu usei essa metáfora para mostrar que, se você faz parte dos 1%, saiba que, no fundo, você está ressonante com o sentido da neutralidade.
Você é a unidade mais próxima do 0.
É claro que a gente não fica satisfeito quando não alcançamos algo, mas a contemplação do inalcançável também oferece um nível de empoderamento tão grande quanto.
Isso te reconecta com a percepção natural, sem te desconectar da percepção artificial.
Buscar o sentido da neutralidade permite traçar um contraste entre “um e outro”, pois esse é o único caminho para se conectar com o “nem um, nem outro”.
A percepção artificial te distancia da sua presença.
Na parcialidade lidamos com quantidades relativas (+∞ e –∞).
Na neutralidade, além das quantidades relativas, lidamos com as potencialidades infinitas, onde os polos já não se opõem no mesmo plano, mas coexistem como infinitos “mínimos” que tendem ao nada.
Quando você percebe esse distanciamento parcial, finalmente entende que há toda uma zona inexplorada em você.
Então essa é a mensagem de hoje: trazer algo bem viajado para te explicar mais sobre a neutralidade.
E esse é só o início desse conceito que vai muito além do que podemos compreender.
Buscar o incompreensível, o inalcançável, o inatingível também é afirmar-se como parte de tudo o que você é e do poder que emana de você.
Se você chegou até aqui, muito provavelmente você faz parte dos 1%.
Se sim, comenta aí o que você achou da teoria dos 1%.
Espero que essas informações tenham sido úteis.
Um forte abraço e até a próxima.



Muito bom esse conceito de neutralidade pq me soa família com a meditação, em nao se identificar com as armadilhas da nossa própria mente e com as ilusões ao nosso redor, com isso mergulhamos no autoconhecimento e sentido de estarmos aqui nesse despertar!
Isso mesmo!!! A neutralidade tem profunda relação com a meditação, e por vezes você verá que na prática você se estabelece em um estado meditativo, em que é possível ver uma ação ser construída ainda na mente e transformada.