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O discurso político e a evolução das narrativas

A partir de estudos e reflexões, passei a observar como o discurso político influencia a maneira como percebemos e respondemos aos eventos do mundo, ecomo isso molda as narrativas que guiam nossas ações e percepções.

Índice do artigo

Você já parou pra pensar no papel do discurso político na evolução das narrativas que conduzem a nossa realidade?

Desde o início dos anos 2000, o mundo tem testemunhado eventos catastróficos que parecem anunciar o fim dos tempos.

Ataques terroristas, guerras, crises sociais, climáticas e sanitárias são apenas alguns dos ingredientes desse cenário pré-apocalíptico que estamos vivenciando.

Mas calma, não estou aqui para falar das profecias bíblicas, apesar do tema deste artigo estar fortemente relacionado a isso.

O propósito do que vem a seguir emergiu durante alguns estudos que realizei durante a catástrofe que a região sul do Brasil viveu no último mês.

As possibilidades que envolvem as causas da tragédia são muitas, mas a repercussão dela no senso comum se ramifica em inúmeros desdobramentos que convergem para uma série de transformações necessárias para o “novo mundo”.

Começarei este artigo falando sobre o discurso político e sua importância, depois falarei um pouco mais sobre as narrativas e minhas perspectivas sobre para onde as narrativas correntes no Brasil e no mundo tendem a nos levar.

Ao final deste artigo, assim como fiz no artigo “Usar tragédias para ganho pessoal”, utilizarei o exemplo da catástrofe no sul do país para mostrar o leque de possibilidades que tais discursos abrem.

O meu objetivo será mostrar como o discurso político é utilizado na evolução dessas narrativas, para aí sim apresentar uma série de conclusões acompanhadas de questões fundamentais que poderão ser utilizadas como instrumentos para superarmos essas transformações de maneira mais equilibrada.

O que é discurso político?

Antes de entender o discurso polítco, peço alguns minutos do seu tempo para ver o vídeo abaixo em que falo sobre a visão da Política sob a ótica do pensamento OutSense.

Segundo o site OrigemdaPalavra, a palavra discurso vem do Latim “discursus“, e significa lidar com um assunto por vários pontos de vista. No sentido mais usado hoje, é uma mensagem verbal, frequentemente transmitida em tom solene.

Associando o conceito de discurso com o significado da política retratado no vídeo, podemos interpretar o discurso político da seguinte forma:

Na filosofia OutSense, a política é um instrumento de coordenação da energia para gerar trabalho em prol de propósito maior, tornando-o realidade.

Ao direcionar a energia do trabalho (individual ou coletivo) para um objetivo, ampliamos nossas realizações tanto a nível físico, quanto não físico.

O discurso político, portanto, é o aspecto da linguagem atribuída a essa coordenação política, ou seja, a forma como o propósito é comunicado aos agentes que, ao interagirem com a informação respondem a ela gerando aquilo que conhecemos como “repercussão”.

Por que o discurso político é importante?

A palavra “repercutir” tem sua origem no latim “repercutere”, formada pelo prefixo “re-” (indicando repetição ou intensificação) e o verbo “percutere” (que significa “bater“, “atingir“).

Literalmente, “repercutere” significa “bater de volta” ou “ecoar”. No português, “repercutir” mantém esse sentido de ecoar, refletir ou ter consequências sobre algo.

Como vimos no vídeo, a política também assume o papel moral de regular conflitos e como o termo discurso se refere a diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto, podemos notar que em tempos de crise onde a causalidade dos fenômenos que se desdobram de um mesmo fato se torna parte dos anseios do público, a discussão leva o senso comum a um debate desordenado que se torna a natureza da necessidade de um intermediário para trazer a discussão “para o que importa”.

Portanto, o discurso político é importante pois ele não apenas gera a repercussão, como também atua no intermédio dessa repercussão. Ele se torna o condutor, do “início” ao “fim”, de todas as discussões.

O que são narrativas?

A palavra “narrativa” tem origem no latim “narrativus”, derivado de “narrare”, que significa “contar”, “relatar” ou “explicar”. Essa raiz latina foi formada a partir de “gnarus”, que significa “conhecedor” ou “o que sabe”.

Portanto, “narrativa” refere-se à ação de contar ou relatar uma história, geralmente com um propósito específico, como entretenimento, educação ou transmissão de informações.

Em um dos meus trabalhos mais recentes, o Programa Mecanismo, eu abordei a busca pela verdade e lá eu apresentei o seguinte diagrama:

Diagrama da realidade
No “diagrama da realidade” vemos como o jogo entre a afirmação e a negação (dialética da aceitação) estimula a busca pela verdade e o desdobramento disso na construção da realidade.

No ebook “Já estamos no Admirável Mundo Novo?”, também disponível para estudantes do Mecanismo, eu escrevi o seguinte:

“Ligando os pontos, o Mecanismo da Aceitação é a origem das contradições. É ele que ativa o “motor” da busca pela verdade.

Quando o indivíduo interage com uma afirmação, ele torna a coisa real. E a partir dessa coisa real nasce a ficção.

A interação (fluxo) dessa dualidade que compõe a busca pela verdade é o que modula a realidade.

Ou seja, ao vivenciar experiências reais de afirmação e negação (linguagem), a consciência gera um questionamento (que é mental) fundamental: o que é real?

É também a partir desse questionamento que o indivíduo passa a dar nome às coisas.

Assim, o indivíduo passa a construir narrativas compostas por um conjunto de afirmações e negações.

Essas narrativas são movidas por questionamentos (busca pela verdade) e isso passa a guiar sua experiência, construindo seu passado e todas as verdades que se originaram dessa experiência.

Portanto, guarde isso: quando o ser se perguntou pela primeira vez, em seu estado de natureza, o que é real, ele criou a ficção.”

Já estamos no Admirável Mundo Novo? – Programa o Mecanismo. Fora de Senso (2023)

Associando isso ao significado etimológico da palavra “narrativa”, podemos ver que as narrativas exercem um importante papel na busca pela verdade, pois são elas que conduzem a busca dos indivíduos pelo conhecimento sobre os fatos que acontecem e aconteceram.

As narrativas são o fluxo que corre entre a “afirmação” e a “negação”, conforme o diagrama da aceitação, gerando a busca pela verdade e o poder de definir o que é real e o que é ficção.

Isso retroalimenta o conjunto de narrativas que evoluem ao longo do tempo linear.

Para onde as narrativas querem nos levar?

O passado é uma espécie de ilusão e sua utilidade se restringe a criar projeções futuras para a coordenação do presente do ser humano.

George Orwell, renomado autor do sistema, disse uma frase que retrata bem o que eu quero dizer com isso: “quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado”.

O ponto é que o presente é uma condição eterna e imutável.

A linha do tempo é como uma esteira que nos passa a impressão de que estamos em movimento, mas apesar do movimento, ele ocorre em uma condição fundamental que é eterna e imutável (consciência).

A noção do presente é uma só. O que muda é a estética da realidade que é percebida como um produto da busca pela verdade e daquilo que atribuimos ser real ou ficção.

É necessário entender também que a realidade não é como um rolo de filme em que o passado está nos primeiros frames. Tudo está no aqui e no agora o tempo todo.

A sobreposição da realidade realmente ocorre em camadas, mas isso não é linear, como aprendemos na concepção do “passado, presente e futuro”.

Então a modernização da estética e da funcionalidade das coisas não significa um deslocamento linear, mas sim um processo de metamorfose que ocorre em um mesmo espaço x tempo que só se altera pois temos essa ideia de um presente em relação a um passado.

Dito isso, estamos aptos para entender as minhas projeções para o caminho que as narrativas nos levam.

A realidade está sendo modernizada, e estamos passando por um processo de transformação para uma realidade digital.

Para isso, estão sendo criados novas formas de trabalho, novas leis científicas e uma profunda ressignificação filosófica, teológica, etc.

O “novo ser humano”, que nada mais é do que uma versão sobreposta do ser humano (que é uma coisa só), está se adaptando à nova realidade, e isso está acontecendo, em partes, de maneira consciente, mas em sua grande maioria no inconsciente individual e, consequentemente, coletivo.

Esse processo ocorre em diferentes aspectos da fisiologia e da psicologia humana, que está sendo adaptada para este “novo mundo”.

Então temos várias pautas sendo discutidas, como a regulamentação dos meios digitais, a ética científica em meio aos avanços da inteligência artificial e dos dispositivos de integração homem x máquina, o mercado de trabalho e a operacionabilidade das instituições que já ocorre em um modelo híbrido (home office x presencial) com uma pauta intensificada sobre as transformações e até mesmo a redução da jornada de trabalho, etc.

Essa não é nem a ponta do iceberg.

Ao adentrar nas questões teológicas, científicas e filosóficas, podemos mergulhar em um universo de engrenagens sendo “trocadas” para uma modernização do sistema em prol da 4ª revolução industrial e do grande reset que a humanidade está vivenciando.

E aqui vai a resposta da questão “Para onde as narrativas querem nos levar”:

Elas estão nos mantendo no mesmo estado que estamos, desnorteados, dissociados, dissonantes, para que em meio a tantas distrações, validemos as trocas dessas engrenagens e aceitemos o novo mundo nesse jogo entre realidade e ficção.

Como o discurso político é utilizado para evoluir as narrativas?

Se você gosta de teorias economicas e filosóficas, provavelmente já esbarrou com o conceito da Janela de Overton.

Para além dos conceitos atribuídos pelo senso comum à Janela de Overton – como por exemplo “ferramenta” ou “estratégia” de manipulação – podemos entender que a estrutura da teoria nos mostra que há uma série de estimulos que levam a sociedade a falar sobre “algo”, até que a necessidade de uma definição para esse “algo” se manifeste como uma “vontade geral” que é discutida pela classe científica e filosófica, até que sejam definidas diretrizes que, ao serem discutidas pela classe política e seus stakeholders, se transformam em novas leis e regulamentações.

No caso da tragédia no sul do país, por exemplo, temos uma série de narrativas que cabem nesse ponto.

Por exemplo, a questão das fake news é uma delas, questão fortemente relacionada ao papel e capacidade do governo diante das crises.

Vale lembrar que já estamos estamos em um processo de consolidação da aceitação coletiva em relação a um governo mundial, que será o instrumento de resolução de todos os desafios enfrentados pela humanidade.

No contexto da política nacional, houve o fortalecimento de figuras que até então estavam no campo do “inadmissível” e que sairam desse espectro para um processo de profunda ressignificação social, assim como ocorreu com o processo de popularização do presidente anterior.

Tais figuras contemplam perfeitamente a dinâmica dual que rege as narrativas adequadas ao “novo mundo”.

Além disso, teorias conspiratórias estão cada vez mais caindo no conhecimento popular, o que abre uma importante janela de oportunidade para a aceitação, por parte da sociedade, sobre a possibilidade de um controle climático.

Isso é muito importante, afinal, estamos no país da Amazonia, pauta central de eventos como a Conferência das Partes (COP), “realizada anualmente por representantes de vários países com objetivo de debater as mudanças climáticas, encontrar soluções para os problemas ambientais que afetam o planeta e negociar acordos.”

O ponto chave é que tudo aquilo que é enraizado na memória popular por meio de narrativas conduzidas pelo mainstream e seus canais de comunicação, se torna o futuro da humanidade, e isso se torna a própria evolução das narrativas para outros estágios do presente a que damos o nome de “futuro”.

É exatamente assim que o discurso político é utilizado para evoluir as narrativas a partir da repercussão de eventos como catastrofes naturais e crises morais ou financeiras.

Conclusão

Diante de tudo isso que abordamos anteriormente posso afirmar que, no contexto geral, a sociedade não está em uma frequência que contemple o seu propósito fundamental da ascensão, conforme discutimos no artigo “Usar tragédias para ganho pessoal”.

Se escolhermos permancer nesse fluxo que molda a realidade coletiva, provavelmente lidaremos com desafios complexos que exigem de nós o espírito da abnegação e a renúncia de certas responsabilidades para que forças alheias a nós atuem de modo a sanar as necessidades que surgem das crises globais.

Para concluir, devo reforçar algumas questões levantadas no vídeo disponibilizado no início deste artigo.

Quando delegamos a responsabilidade de resolver conflitos e problemas à política institucional e seus stakeholders, abrimos mão do nosso poder e liberdade.

Se queremos manifestar a realidade que nos coloca no eixo da ascensão, precisamos assumir a nossa responsabilidade perante ao que se manifesta ao nosso redor e daquilo que somos ressoantes.

Desenvolver-se individualmente e cultivar a nossa auto valorização antes de tudo, nos permite vivenciar experiências transcendem a caótica realidade que se manifesta diante de nós e nos permite criar uma realidade diferente, sem a necessidade de confrontar a realidade coletiva ou nos isolarmos de todo o resto.

O discurso político é importante, mas que possamos utilizá-lo em prol das narrativas que nós criamos para manifestar a nossa realidade individual e o mundo melhor que nela podemos construir.

Espero que essas informações sejam úteis em sua jornada, e se foram, comente e compartilhe esse texto.

Será uma grande honra contar com a sua participação.

Com carinho,
Luiz, do Fora de Senso.

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