Pular para o conteúdo
Início » Quando a Realidade É Fabricada por Memórias Alheias

Quando a Realidade É Fabricada por Memórias Alheias

Já parou para pensar quantas das suas memórias vêm de experiências que você não viveu? Este artigo explora como o mundo de sugestões externas molda o nosso senso de identidade e realidade.

Índice do artigo

Já parou para pensar que uma grande parte das nossas memórias vem de experiências que nós não vivenciamos? O que acontece quando a realidade é fabricada por memórias alheias?

Aqui no Fora de Senso, eu sempre falo sobre “elevar o nível da experiência”, o que significa viver as mesmas coisas (ou coisas diferentes) com uma percepção mais apurada, uma sensibilidade maior ao que se vive.

Experiências mais elevadas significam viver as coisas com mais “verdade”.

Vivemos em um mundo de sugestões (vou falar mais sobre isso em outro momento), e esse mundo está constantemente criando memórias que são alheias a nós.

Comecei a pensar nisso depois de ouvir minha família expressar sentimentos de patriotismo, como se pertencessem a algo “maior”, “vivo”, “real”.

Mas, se pararmos para observar, a experiência real de todo o movimento patriótico em que eles se colocam não corresponde nem a 1% do que realmente aconteceu.

Alguns conteúdos compartilhados nos grupos de Zap e uma hora ou outra em uma manifestação bairrista resumem a experiência que fortaleceu o patriotismo de cada um deles.

Se pensarmos um pouco mais, veremos que isso ocorre até nas situações mais peculiares.

Em uma conversa sobre viagens, onde falamos que um lugar onde nunca fomos é lindo, ou até mesmo no amor que declaramos aos nossos heróis, que são, na verdade, apenas histórias contadas por terceiros.

Memória, Pensamento e ação

Certa vez, li que a origem do pensamento é a memória e, em minhas conclusões, entendi que o pensamento precede a ação.

A ação é energia em movimento, assim como os pensamentos. A memória é o ponto de partida, é o pulso inicial que transforma nossas lembranças em nossas buscas diárias.

Tudo que memorizamos é produto de uma relação entre prazer e dor, e isso define aquilo que nos satisfaz.

A satisfação se relaciona com as nossas vontades, sejam elas de ordem superior ou inferior.

Vontade e satisfação estão interconectadas; não só se modulam mutuamente, como também estabelecem uma síntese que representa o que somos capazes de realizar.

Se nossa satisfação parte de memórias que não são nossas, ou seja, parte de memórias fabricadas por um sistema de sugestões, podemos deduzir que nossas vontades seguem o mesmo padrão, bem como tudo aquilo que realizamos.

Ou seja, deduzindo de maneira beeeem linear, se 90% das suas ações destinam-se à realização de vontades que não são suas, podemos inferir que 90% da sua realidade é composta por “coisas” alheias a você, que pouco representam para sua realização enquanto unidade deste sistema uno em que, em teoria, estamos inseridos.

Tudo que ideamos parte de memórias alheias

Indo além da questão “una” do sistema, se a resultante de uma pseudorealização das unidades é alterada, a unicidade também se modifica.

Em outras palavras, se a realização do uno não parte de uma condição natural — ou melhor, da natureza “divina” de cada unidade — podemos deduzir que o Uno, enquanto força cósmica divina, foi substituído pelo “uno” enquanto força espiritual/material do plano terreno, vulgo “sistema”.

Assim, posso concluir que até a noção de “unidade”, que parte de questões originárias, está sujeita à alteração promovida por esse excesso de memórias alheias em cada um de nós.

Isso significa que até mesmo o que entendemos como Deus, como natureza, como origem — por mais profundo que seja, por mais subjetivas que sejam nossas afirmações — é produzido por forças alheias às nossas experiências reais.

Se você sente a presença de Deus, associa isso a uma memória que lhe foi sugerida e afirma: “Deus está aqui” ou “Conversei com Deus”.

E, ligando isso ao início do texto, o mesmo acontece com o sentimento de patriotismo da minha família.

É isso que torna tudo real, mesmo que essa realidade seja uma fração insignificante da totalidade construída não por uma condição natural, mas sim artificial.

Se a origem de algo é artificial, todo o desdobramento desse algo também será.

Ressignificando nossas memórias

Trago essa reflexão, não para assustar, desanimar ou colocar você em um beco sem saída.

No Fora de Senso, considero a contradição uma parte essencial para encontrarmos nossa verdade individual.

Ao confrontar uma experiência não vivenciada com contradições sutis como as deste texto, você cria uma experiência vivenciada que se relaciona com a experiência não vivenciada.

Essa gradação fortalece sua vivência e abre a possibilidade de resignificar a verdade para algo mais próximo de você, algo que pode ser observado nas relações cotidianas que você estabelece com sua família, amigos e no trabalho.

O texto que você acabou de ler surgiu dessa ideia. Todo o meu processo de estudo e construção perceptiva parte disso.

Este texto visa mostrar essa possibilidade e o quanto ela pode ser poderosa para que você eleve o nível da sua experiência e passe a viver a mesma vida que vive, mas sob um novo ângulo, em uma ressignificação completa da sua verdade e das verdades alheias que ocupam sua mente.

Espero que essas informações tenham sido úteis.

Se foram, deixe um comentário para eu saber.

Abraços,
Luiz do Fora de Senso.

Inscreva-se
Notify of
guest
0 Comentários
Mais antigo
Mais novo Mais Votados
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
Estudos
Luiz

Usar tragédias para ganho pessoal

Neste artigo vamos analisar as ações de influenciadores e suas motivações, buscando responder se é errado obter ganhos em situações desfavoráveis e como isso se relaciona com a busca pela transcendência.

Leia mais »