Seja no trabalho, na vida acadêmica, na vida pessoal ou conjugal, ou até no contexto mais amplo da família e das relações interpessoais, tudo que fazemos carrega um propósito inerente.
Esse propósito, por vezes, é consciente, e, nesse caso, sabemos o que está movendo nossas escolhas e ações.
No entanto, na maioria das vezes, nossas ações, comportamentos e escolhas são pautadas por uma inconsciência em relação ao propósito que nos guia, ou até por um propósito que não contempla uma verdade maior — o motivo pelo qual nos manifestamos neste plano ou em algum ponto desse desdobramento cósmico que culminou no aqui e agora.
Sabe aquela sensação de que estamos vivendo por viver? Trabalhando para sobreviver? Namorando ou dividindo a vida com alguém apenas para não ficar sozinhos? Pois é…
O ponto é que ninguém é obrigado a ter um propósito consciente, uma intenção maior calculada com planos, resultados e expectativas.
Esse conglomerado de pensamentos que envolvem diferentes camadas — desde a natureza do propósito até seu desdobramento na realidade que vivemos — não é obrigatório. Mas é necessário ter consciência de que nada existe sem um propósito.
Tudo que se manifesta na realidade material ou espiritual, nesse jogo de dualidades do plano inferior, possui uma profunda relação com o motivo pelo qual tudo se manifesta.
Cientes de que tudo tem um propósito, não podemos ignorar que nós, como seres humanos, também existimos porque temos um propósito.
O que é ter um propósito?
A palavra propósito vem do latim “propositum”, derivada do verbo “proponere”, que significa “colocar à frente” ou “pôr diante”.
Esse termo, desde suas origens, carrega a ideia de algo intencionalmente proposto, uma finalidade ou razão que guia ações e decisões.
Ter um propósito, na visão OutSense, tem a ver com a ideia de viver com intencionalidade, transcender os automatismos da vida cotidiana e buscar uma expansão alinhada a algo maior.
Assim como a etimologia sugere um movimento consciente de colocar algo à frente, o propósito é apresentado como uma força que move o ser humano (e todas as coisas vivas) a superar dialeticamente as dualidades do plano mental.
Ele se manifesta no presente, alinhando a nossa cosmovisão a uma verdade mais profunda, intuitiva e essencial. Não se limita a ser uma meta futura, nem algo fabricado para obter mais ganhos materiais ou uma realização puramente egóica.
O propósito deve vir antes
Como eu disse, esse propósito não envolve questões morais, éticas, religiosas ou aquilo que tentam nos convencer como sendo o “caminho certo”. Ele não está ligado a isso.
Nós somos a realização de um momento gerado a partir de uma combinação de elementos — sejam eles metafísicos, cósmicos, ontológicos, ou até influências de nossos pais, da família, da região de origem ou dos nossos antepassados.
Entenda que somos uma mistura de ingredientes que, ao se manifestar, traz “desafios” que naturalmente tendemos a superar.
Geralmente, é com base nesses “desafios” que estabelecemos nossos propósitos inconscientes.
Mas o problema é que não compreendemos que essa superação não é uma competição, nem um objetivo com prazo definido. Trata-se de um movimento natural e dialético.
É essa superação dialética que permite que toda manifestação ascenda ao despertar.
Por mais que uma parte da sociedade esteja “dormindo” e outra ache que está “acordada”, existe um pequeno grupo que percebe a existência de uma verdade mais profunda, sutil, neutra.
Tudo no plano mental se manifesta a partir de dualidades que interagem dialeticamente.
É nesse jogo de afirmações e contradições que algo é elevado, caminhando na direção de “ideias perfeita”s que transcendem a dualidade.
Para Platão, as ideias (ou “formas”) são realidades imutáveis, perfeitas e eternas, que existem independentemente do mundo sensível.
Elas representam a essência verdadeira das coisas, ou seja, o que há de universal e constante por trás das variações e imperfeições do mundo material.
Então esse é o nosso movimento natural, superar a imperfeição do plano inferior (espiritual x material), e transcender às “ideias perfeitas” do plano superior (consciência).
Desde o momento da concepção, já somos marcados por um conjunto de possibilidades que se desdobrarão ao longo da vida. Essas possibilidades nos colocam em um ciclo de despertares constantes.
O despertar, assim como o propósito, não está relacionado a moralismos, políticas, doutrinas ou religiões.
Ele é como uma faísca que ilumina o meio onde se manifesta, provocando a expansão de algo e impactando nossa realidade de forma, na maioria das vezes, imensurável.
É importante reforçar que eu não estou trazendo uma verdade absoluta, mas padrões que podem ser observados em questões simples ou complexas da nossa cosmovisão.
Todo propósito se desdobra em experiências objetivas e subjetivas que, por essência, são correspondentes.
O que desejo estimular em você é que, por trás de tudo, existe um propósito. Absorva isso de alguma forma.
Ainda que não possamos alcançar a totalidade das coisas — ou seja, mesmo que você não consiga contemplar esse Propósito Maior —, o simples fato de focar nessa busca já te conecta a ele, que é algo intrínseco ao universo.
Partindo disso, podemos responder a pergunta: como escolher um propósito que ascenda uma chama dentro de mim?
Como escolher um propósito
Antes de mais nada, para ter um propósito que realmente nos mova para a expansão, é necessário direcionar nossas ações, intenções, pensamentos e comportamentos para a noção de “algo maior”, reconhecendo que tudo o que se manifesta tem um propósito que vai além das nossas intenções.
Essa é a parte mais fácil, afinal, já fomos doutrinados desde cedo a crer, de várias formas, em um propósito maior.
A chave é que, ao colocarmos essa ideia de totalidade à frente de tudo, nossas ações se alinham a isso.
Diferente do que somos ensinados, o propósito não é algo que será alcançado no futuro, mas algo a ser vivido no presente. Quando alinhamos nossa vida a partir de e não em busca de um propósito, entramos em um ciclo de valorização, empoderamento e liberdade.
A sua atividade profissional, por exemplo, pode ser avaliada à luz desse propósito.
Se, ao olhar para o seu trabalho, você perceber (senntir, reconhecer e presenciar) que ele não contempla algo maior, ou que é apenas uma forma de sobrevivência no plano inferior, talvez seja o momento de reavaliar o que te mantém ali.
Muitas vezes nos mantemos em um trabalho por pura vaidade.
Eu, por exemplo, já fiquei porque era bom, meu score na empresa era altíssimo, o reconhecimento dos meus chefes e os planos para o meu futuro ali eram algo que me daria uma longa e segura carreira. Mas eu saí.
Saí porque, por mais que gostassetrabalhar ali, senti que não estava servindo a mim mesmo. Eu não amava aquilo.
Entendi, então, que aspirava por outro caminho.
Hoje, alguns meses após ter saído da empresa, fecho contratos com ela em nome da minha agência. Ou seja, ganho o mesmo tanto, mas de uma maneira que contempla o que é meu.
Ao fazer essa análise, começamos a ressignificar escolhas e a direcionar nossa vida para algo que realmente faça mais sentido. Mesmo não conseguindo explicar, a gente sabe que está no caminho.
Propósito e Êxtase
Quando incorporamos essa ideia, começamos a agir por pura consciência, e nossas ações se tornam mais intuitivas e assertivas.
Lá atrás, quando eu me demiti, não pensei em um propósito maior. Eu não fiquei mensurando o quanto aquilo contemplava minhas vontades.
Eu simplesmente senti, de maneira espontânea, que a minha energia não estava compatível com aquela relação profissional.
Um simples ajuste intuitivo fez toda a diferença na minha vida, pois, a partir daquela decisão de sair, eu pude me planejar, organizar, refletir sobre minhas prioridades e empoderar a minha capacidade de realização.
Entenda que, eu não sabia para onde eu iria, só sabia que eu queria crescer a minha agência e focar no que eu e a minha esposa (e sócia) estávamos construíndo.
Todo o resto que se desdobrou da minha decisão, foi espontâneo e “além” do que eu poderia imaginar.
Ao atingir isso, a sensação de fracasso ou falta de propósito vai desaparecendo em “fade out”, e, em “fade in”, somos estabelecidos em uma nova frequência, que nos torna suscetíveis a entrar constantemente em estado de êxtase.
Foi e tem sido assim comigo.
O êxtase vem antes do entusiasmo e da motivação. Estar em êxtase não é empolgação, nem alegria.
Tudo isso vem depois…
O êxtase é o momento em que uma verdade maior se revela diante de você, e tudo isso – entusiasmo, alegria, motivação – passa a se manifestar em prol dessa energia, como se você fosse movido a viver isso mais vezes.
Propósito e Responsabilidade
Reforço que as estratégias práticas, como estabelecimento de metas e objetivos, continuam importantes.
Vivemos em uma realidade que demanda planejamento e administração, precisamos de desenvolver a nossa capacidade de responder e de avaliar a nossa jornada.
No entanto, essas ferramentas devem ser vistas como meios e não fins, nem inícios. Elas são apenas instrumentos para manifestar resultados que sirvam a um propósito maior.
Ah, e o propósito maior não tem nome, tá? Como eu falei, eu sempre penso no propósito maior como “ascender”. Tudo o que eu tenho que fazer é ascender, ir além e pronto.
A para fazer isso, coloque-se à frente de tudo. Busque, antes de qualquer coisa, gerar valor a si mesmo.
Lembre-se de que a vida é autodepreciativa: o seu corpo está morrendo, você está consumindo a chama da sua vitalidade todos os dias.
A consciência existe para que o lado oposto possa existir, ou seja, se o seu organismo está se oxidando, tendo consciência disso, você deve usar a sua mente para resistir a esse movimento natural de decaimento.
Foi por causa dessa visão de querer ir além que eu incorporei em mim uma intenção fundamental: expandir dentro do equilíbrio.
Essa intenção é movida pelo propósito de ascender.
Eu me convenci disso de tal maneira que faço isso espontaneamente. É daí que surgiu o “Fora de Senso”, além da minha Vontade de Pode que tem guiado a minha vida com muita felicidade e liberdade.
Claro, a gente não é 100% livre. Lembra que eu falei que a gente busca uma superação dialética? Pois é…
Não lidar com essa superação de maneira consciente, nos torna prisioneiros da nossa própria condição.
Porém, tudo muda quando compreendemos e percebemos esse movimento de superação.
Isso nada mais é do que transcender às dualidades impostas desde a nossa concepção.
Então, eu ainda tenho os meus desafios para serem superados. Eu sei que eles existem. Reflito sobre eles, penso sobre eles, mas não me ocupo.
Por mais que eu viva uma vida de felicidade e liberdade, ainda tenho essas questões a superar e a forma como conduzo isso é sem me pressionar.
As respostas só surgem quando você começa a questionar tudo a partir de uma nova ótica.
Essa nova ótica, de que há “algo maior”, te ajudará a ter capacidade de responder ao mundo, escolhendo viver aquilo contemple o seu ser e te leve a sentir o êxtase de experimentar o poder da realização.
O mais importante de tudo…
Não adianta nada eu falar para você sobre propósito maior se você não entender o sentido da coisa. Se você ficar preocupado demais com as palavras, com os significados ou com a verdade delas, isso não vai resolver muita coisa.
Mas, se prestar atenção no sentido do que eu tô falando e refletir buscando virar a chave, ou seja, colocar o Propósito Maior antes de tudo, você vai começar a observar a sua vida de um jeito diferente.
Você vai perceber umas coisas que vão te fazer se perguntar: “Putz, o que eu tô fazendo da minha vida? Por que eu tô fazendo isso?”.
E, nesse momento de raiva, ou melancolia, você vai lembrar: “Eu tenho um propósito maior. Eu não sei o que é, mas esse trabalho (ou esse relacionamento) está bloqueando a minha vida. Está sendo uma barreira que eu tô colocando na frente desse propósito. Eu tô me distanciando disso”.
Quando você incorporar isso na sua consciência, vai perceber que as suas decisões começam a ser motivadas por esse propósito.
Não importa se você vai conseguir comprar uma casa ou viajar para as Maldivas. Isso será consequência natural do seu processo de ascensão.
Expandir não é só espiritual ou só material. É expandir como um todo.
E esse processo não pode ser produto de uma ilusão. De promessas futuras, ou de discursos comprados na Hotmart.
Não é porque eu faço academia todos os dias e corro 10 km que, automaticamente, estou ascendendo.
Não é porque eu fiz o curso do Hélio Couto que eu estou expandindo…
Pode até ser, mas, às vezes, isso está sendo feito por pura vaidade, por puro ego.
Então, cada um precisa sentir a sua própria verdade. Não adianta eu falar o que você deve fazer para sentir o que eu sinto. Entendeu?
Foque sempre no que você é capaz de sentir, reconhecer e presenciar. Integre essas três questões e chegue a uma percepção mais sensível da realidade, da sua vida, etc.
Isso é o que faz a diferença de fato.
Se isso fez sentido para você, deixa aí um comentário compartilhando sua visão.
Sua participação é muito importante, beleza?
Até a próxima! Valeu!